quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Hong Kong








Bem, finalmente la ganhei coragem e saude para escrever outra vez...

Aventuras e desventuras. Estive em Macau um dia e meio e tive logo de ir a Hong Kong tratar de resolver "the ticket situation". A primeira ideia seria ficar mais uns dias em Macau e regressar a Portugal daqui, talvez uns dias antes do que era suposto. Nao se me passou pela cabeca que conseguir voos nesta altura do ano (entenda-se, epoca natalicia) e praticamente impossivel. Depois, planeei voar directo para Bombaim e ir a Goa de comboio, mas o cansaco, a situacao complicada que a India atravessa (com mais uma explosao num comboio ontem) e o peso crescente das minhas malas, acabou com as minhas restantes energias e "ganas" de continuar. Assim que regressarei antes do previsto, dia 10 de Dezembro, para o acontecimento do ano, durante o qual todo o Portugal para: o aniversario espectacular e tao esperado de miss Madeleine.

A resolver estes assuntos e a passear pela robotica cidade de Hong Kong, adoeci. Hong Kong, depois de todos os sitios que conheci, pareceu-me literalmente a cidade do futuro. Twilight zone... So faltava a voz off a dizer: "You have now moved two centuries forward." Incrivel como o nosso mundo e tao absurdamente desigual. Ou, como dizia o cantor, "we have just one world, but we live in different ones". Tudo e grande, espelhado, metalizado e iluminado em Hong Kong. Os nossos olhos ofuscam-se com os neons, os outdoors e os enormes e incontaveis centros comerciais. Na verdade, a qualquer sitio que se queira ir na zona central, e imperativa a passagem pelo interior de um gigante mall. Muitas vezes, nao ha hipotese de o contornar, ou pelo menos eu nao descobri...

O meu hotel ficava no Soho e, para la chegar da primeira vez, demorei 45 minutos, subindo ruas extremamente ingremes e escadarias interminaveis. Depois, o concierge indicou-me que poderia usar o "escalator" para ir ate ao centro. A cidade tem o "world's largest escalator", que consiste numa serie de escadarias e passadeiras rolantes acima do nivel das ruas e que percorrem praticamente toda a zona central de Hong Kong. Ou seja, quase nao e preciso andar para chegar a qualquer sitio: somos transportados. Para quem ja viu o filme Wall-e, tudo isto me recordou o cenario futurista, sendo a unica diferenca os humanos aqui serem chineses e magros. Aproveitei para apanhar o Peak Tram, que sobe a uma montanha de onde se tem uma vista geral da ilha, para constatar que no fim da linha estava construido mais uma enorme torre/centro comercial que desperdicava uma melhor visao.

Fiquei com a sensacao de que em Hong Kong o unico que se pode fazer e ir as compras. Como se tudo nao passasse de um grande centro comercial....

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Doente em Macau

Escrevo apenas para notificar que estou doente e sem a minima paciencia para escrever.

Peco desculpa pela interrupcao....

Noite magica em Jakarta

27.11.2008

A minha ultima noite em Jakarta compensou todas as mas disposicoes que a cidade me causou. Tudo comecou quando fui jantar sozinha a um restaurante perto do hotel. Assim que terminei de comer, juntou-se a mim o dono do restaurante, convidando-me a beber uma cerveja com ele e a dois dedos de conversa. Falamos sobre a minha estadia na Indonesia, sobre as impressoes que mais me marcaram, sobre o seu trabalho como dono de uma fabrica de produtos de cacau em Papua, sobre a situacao em Papua, etc... Logo, quando se despediu para ir jantar com a mulher, sentou-se no seu lugar o pianista da banda que iria actuar nessa noite. Contou-me as suas aventuras e desventuras no mundo musical indonesio e sobre a sua ascendencia chinesa, visto que o meu proximo destino seria Macau. Despediu-se para iniciar o concerto e ganhei entao a melhor companhia da noite: dois magicos indonesios! Fiquei horas a rir as gargalhadas alucinada sem perceber como raio conseguiam fazer tais truques. As tantas, ja me estavam a ensinar a fazer tudo. E eu, que sempre fiquei maravilhada com magicos pelo facto de nao descobrir nunca como fazem o que fazem, compreendi finalmente que sao simplesmente truques. A magia nao existe... Nada como ter um bom magico a ensinar-nos tudo tintim por tintim. Posso dizer que quando voltar vou deslumbrar com uns belos truques de magia! E, para terminar, quando ia a pagar o meu jantar e duas das cervejas que tinhamos bebido, vi que nao tinha dinheiro suficiente para tudo. Disse entao a um dos magicos que estaria encantada de pagar duas cervejas, mas que apenas poderia pagar uma. E ele deu o veredicto final, sem qualquer hipotese de recusa, que pagaria todas as cervejas e o meu jantar. Fantastico!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mudanca de planos... mais uma vez!

Vai haver uma leve mudanca de planos na minha viagem. A segunda depois daquela que foi a minha nao ida a Bolivia, devido a tensao que ali se vivia naquela altura.

Pois e, cansada de Jakarta, resolvi passar o dia na net, a ouvir musica e a navegar no ciberespaco, estudando os meus proximos destinos. Ao que parece, as coisas em Bangkok vao de mal a pior. Ja sabia dos conflitos existentes na capital antes de partir em viagem, mas pensei que se resolveriam nos 3 meses seguintes. A uma semana de aterrar em Bangkok, dou com esta noticia na net:

#BANGKOK, Thailand (CNN) -- 25.11.2008

Blasts at two Bangkok airports wounded four people early Wednesday, triggering the closure of the main international airport, authorities said. Anti-government protesters gather in front of Bangkok's Suvarnabhumi airport early Wednesday. The explosions come a day after thousands of anti-government protesters stormed the airports to protest the return of Thai Prime Minister Somchai Wongsawat from the APEC summit in Peru. One blast occurred at Suvarnabhumi Airport at 5 a.m. (2200 Tuesday GMT), an airport official said. One person was wounded in that attack. Continued protests caused authorities to cancel all incoming and outgoing flights there, an assistant to airport director Serirat Prasutanond told CNN. Three protesters also entered the airport's control tower, demanding the prime minister's flight schedule, The Associated Press quoted Group Capt. Chokchai Saranon, a control tower official, as saying. As the airport had been shut down, there were no controllers in the tower, AP reported. Video Watch what's behind protesters' demands » The other blast occurred at 6:40 a.m. Wednesday (2340 Tuesday GMT) at the Don Muang International Airport, wounding three people, police said. Suvarnabhumi Airport later canceled all flights, AP reported.#


Como se pode imaginar, ir a Bangkok com esta situacao nao e o mais aconselhavel, alem de que nem sequer e possivel aterrar. Nao sei se vao reabrir o aeroporto internacional, mas tambem nao vou ficar a espera para ver.

Entao, tendo em conta que o meu destino seguinte e Bombaim, na India, estive a ver onde poderia passar essa dita semana. Dois destinos pareceram-me os mais propicios a tao subita mudanca de planos.

O primeiro seria Phuket, tambem na Tailandia, que tem aeroporto proprio e dispensa escala em Bangkok. Daqui seguem voos para Bombaim, mas com escala novamente em Hong Kong. O que se faz em Phuket? Pois bem, praia, praia e mais praia! Nesta ilha estao os melhores resorts da Tailandia e pode-se ir em barco visitar outras pequenas ilhas nos arredores. Calculo que deve ser tudo ligeiramente caro, visto que e um local de turismo de luxo e que talvez se torne um pouco aborrecido tanto dia de praia sem fazer mais nada... Mas uns dias assim para relaxar antes de voltar a Portugal ate iam saber bem... Alem de que na Indonesia ja se foi metade do meu fantastico bronze...

A segunda hipotese seria adiantar o voo para Bombaim para o dia 2 de Dezembro, ficar ai uma noite e deixar o malao no deposito de malas do hotel, e viajar de mochilinha em comboio ate Goa, onde passaria uma semana. Depois regressaria mais uma semana a Bombaim, ate voltar a Portugal. A viagem a Goa, que nao estava prevista agora, era algo que eu queria fazer de qualquer forma, talvez numa outra viagem. Assim ficava ja despachado este assunto.


Bem... enquanto penso neste assunto, agradeco que todos os leitores do blog participem e opinem sobre onde gostariam de ver a Nina daqui a uma semana: Phuket ou Goa? Vamos a votos!

Back in Jakarta and longing to leave...

So foi preciso um dia em Jakarta para tirar qualquer tipo de duvida que pudesse restar ainda. Esta e a pior cidade em que ja estive e a qual seguramente nunca regressarei. Devia ter planeado a minha viagem de forma a ficar no maximo uma noite aqui. So para ver de relance o horrivel que isto e...

Pois e, estou de mau humor. Esta cidade esgota todas as minhas energias. Hoje, depois de um pequeno-almoco revigorante, decidi caminhar meia cidade para visitar Kota, o antigo centro de Jakarta. Ja falta pouco, mas estou prestes a a desistir, a enfiar-me dentro de um taxi e voltar para o hotel.

Vou tentar descrever de forma a que se entenda o meu martirio. O stress comeca logo quando se tenta atravessar uma avenida. Nem sequer se o sinal dos carros esta vermelho, eu me atrevo a atravessar calmamente. Tem de ser a correr e a olhar para ver se nao vem nenhuma mota lancada pelo meio. Porque, se por mero acaso o sinal muda para verde enquanto estamos a atravessar (que me aconteceu...), ninguem espera que cheguemos ao outro lado: arrancam todos como loucos com fogo no rabiosque para chegar a lado nenhum. E ficar no meio da estrada com indonesios loucos ao volante nao e a sensacao mais agradavel que se possa ter. Tendo em conta que todas as avenidas no centro de Jakarta sao assim, com 4 a 8 faixas, multiplique-se por x a aventura de atravessar as ruas.

Segundo motivo de stress e desespero, e sem duvida o maior: o calor. O clima tropical numa cidade como Jakarta, gigante e poluida, torna-se insuportavel. Nao da mesmo. Em Yogya eu aguentei-me super bem, nem nunca liguei o ar condicionado do quarto do hotel, nem nada. Nunca "desesperei" com o calor. Agora aqui, nao da mesmo! Como no outro dia, ja me refugiei tres vezes em ares condicionados. Sinceramente, nao percebo como alguem e capaz de viver nesta cidade. Quero dizer, percebo... Ao andar nas ruas, so se ve gente de classe baixa, condutores de cajaj e vendedores ambulantes. Se se entra num cafe, num restaurante ou num centro comercial, ai ja se pode encontrar as pessoas mais endinheiradas convivendo sob um belo ar condicionado. Ou seja, para se viver aqui, so mesmo estando o tempo todo fechado e contribuindo ainda mais para a poluicao da cidade.

E, para terminar, como uma especie de "cherry on top", com a restia de paciencia que ainda me sobrava, ter os condutores de cajaj (uma mota de tres rodas com cobertura), de motas e de taxis a apitarem por todos os lados e a gritarem: "Hey mrs! Transport?"

Estes tres factores dao cabo de um passeio a qualquer pessoa. A ver se consigo la chegar...

(Nota: isto foi escrito a almocar num restaurante. Ainda consegui caminhar mais uns metros, mas logo apanhei um taxi de volta.)

sábado, 22 de novembro de 2008

KLA Project - Yogyakarta

Ja tenho o cd...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Surpresas

Cada dia fico mais surpreendida com o caracter dos indonesios. Ontem conheci uma espanhola com os seus quarenta anos, que esta a viajar pelo mundo durante um ano. Com ela falei sobre os indonesios, sobre a sua forma de ser, os seus costumes, etc, e chegamos a acordo de que sao dos povos que mais surpreendem. Pela sua abertura, pela sua simpatia, por saber bem receber os turistas. Aqui todos adoram falar com estrangeiros. Ate as criancas, minimas, que chegam ao pe de nos a correr, param subitamente a nossa frente e gritam um "hello!" (a unica coisa que sabem dizer) super convencidas, mostrando aos seus amiguitos que sabem falar ingles. Tambem ja me aconteceu por duas vezes, ao pagar a conta depois de comer (nao sei onde ando com a cabeca...), constatar que me esqueci do porta moedas no hotel. Sem nenhum problema, deixam-me sair com um grande sorriso "No problem! No problem!", para buscar o dinheiro e voltar para pagar.

Hoje ao tomar o pequeno-almoco num cafe, juntou-se a mim um velho pescador indonesio, e falamos um bom bocado. Depois das perguntas tipicas do de onde es, que estas aqui a fazer e estas sozinha, disse-me que eu era muito corajosa por viajar assim sozinha. Eu respondi que de facto nao era tao dificil, que ao inicio pensaria que seria muito mais complicado. As tantas la ganhei coragem e perguntei se os indonesios nao tinham uma ma imagem dos portugueses, devido a Timor-Leste, e que eu pensava que tinham antes de ca chegar (tal como nos temos dos indonesios), e ele abriu a cara num grande sorriso e respondeu: "That is my government business, not people business". Acho que foi a resposta mais sabia e mais honesta que me poderiam dar a esta questao. E por um velho pescador de Yogyakarta...

Entretanto fica aqui o esclarecimento: o sufixo "karta", usado em palavras como Yogyakarta, Jakarta ou Surakarta, deriva da palavra "kraton", palacio do sultao, como o que eu visitei aqui em Yogya: o grande complexo de edificios dentro de muralhas onde vive o sultao, a sua familia e milhares de outras pessoas e que antigamente representava toda a cidade.



PS: Agradecia que se alguem soubesse o nome do animalito na fotografia do Mercado das Aves, que me informasse.

Mais aventuras em Yogya

Fiquei entalada dentro de um vestido numa loja. Ao experimenta-lo, nao me ocorreu que o tecido de elastico, nao tinha nada. E o esforco que fiz para enfiar-me dentro dele foi quadriplicado para o tirar. Por sorte nao o rompi, mas o tempo todo que fiquei dentro do provador deve ter parecido bastante insolito para as empregadas da loja. A situacao foi tao grave que, nao fossem elas extremamente muculmanas de lenco na cabeca, eu teria pedido ajuda. Mas aparecer a frente delas de soutien com um vestido preso nos ombros nao me pareceu la muito boa ideia. Com muito esforco la o consegui tirar e, como nao tinham maior, acabei por compra-lo e no hotel desfiz umas quantas costuras para nao passar por semelhante suplicio desesperante outra vez...

Jantei num restaurante/bar com musica ao vivo. Quando cheguei estava a dar um dvd de um concerto do Ricky Martin, imagine-se! Depois de comer, e a espera que comecasse a banda, fiquei especada a olhar para aquele fenomeno porto-riquenho. Fiz logo dois amigos e houve um que me perguntou se eu gostava do Ricky, tal deveria ser a minha cara de espanto a ver semelhante personagem, ao que eu respondi negativamente. Entao ele voou apressado e colocou rapidamente um dvd do Robbie Williams. Nao que seja um dos meus cantores favoritos, mas bastante melhor do que o anterior. Na meia hora que se seguiu ja estava rodeada de indonesios que sabiam de cor todos os jogadores da seleccao portuguesa. Soube ainda que ganhamos ao Chile, com dois golos do Cristiano. Finalmente chegou o concerto de rock de uma banda indonesia chamada Jimmy qualquer coisa. Estive ainda uma hora a ouvir Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, entre outros. Muito bom!

Fui finalmente ao Kraton, palacio de Yogyakarta onde vive o actual sultao. As suas muralhas ocupam o espaco de 1 km2. Numa visita guiada pela parte aberta ao publico, pude ver os enormes espacos de recepcao e de festas e varias salas onde se expunham objectos pessoais do sultao IX. Soube tambem que o actual, X, tem cinco filhas. Ora o que acontece e que e necessario um filho varao para a sucessao e a solucao possivel seria arranjar uma segunda esposa e tentar ter um filho com ela, algo que o sultao rejeitou por amor e respeito a sua unica mulher. Tendo em conta que o sultao anterior tinha tres esposas e o I tinha trinta e cinco (!), fiquei com uma certa admiracao e simpatia pelo actual.

Depois fui ate ao mercado das aves, vencendo uma das minhas grandes fobias, mas confiando que estivessem todas enjauladas. Para meu grande alivio, assim foi! Fiz logo um "amigo" que me levou atraves do labirintico mercado para mostrar-me os maiores morcegos que ja vi na vida! Mediam cerca de meio metro e eram vegetarianos. Pelo seu tamanho, eu pensava que tragavam carne todos os dias alarvemente. Alem destes, tambem me mostrou mangustos, lagartos, cobras, escorpioes e um outro animalito bebe do que qual nem sei o nome. No final tentou enfiar-me numa galeria de batik, ao qual eu recusei, e despediu-se amigavelmente, mostrando-me o caminho para o Palacio da Agua.
E aqui surgiu mais uma vez o orgulho em ser portuguesa! Pois e, meus amigos, o Palacio da Agua, local turistico de Yogyakarta, foi construido nada mais nada menos que por um arquitecto portugues! Que soem os tambores! Mal entrei e disse a minha nacionalidade, o guia foi a correr mostrar-me a placa de celebracao do seu restauro em 2004, com o apoio da Fundacao Calouste Gulbenkian, pelo arquitecto Joao Campos. Estava em ruinas desde o seculo XIX, devido a um terramoto. Situado ao lado do Kraton, o edificio nada mais era que um "resort" para o sultao I e toda a sua familia. Foi construido em 1765 e engloba tres piscinas (uma para o sultao, outra para as suas 35 mulheres e a terceira para os seus 120 (!!!) filhos), uma sauna e varios pequenos quartos de vestir.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ramayana e Prambanan

Ramayana

Ontem terminei o dia assistindo ao ballet Ramayana, no parque Purawisata. A Ramayana e uma historia indiana de guerras e do amor entre Rama e Sita, uma especia de Romeu e Julieta hindus. Todo o espectaculo foi acompanhado com musica tradicional ao vivo e so por isso valeu a pena. Confesso que nao fazia ideia da historia, excepto que o batik que comprei representa as duas personagens principais. Vou entao expor o que eu percebi do ballet:

Rama personifica o homem ideal e tem um irmao muito parecido com ele. Sita, por seu lado, e a mulher ideal, muito contida nos seus gestos, mas nao nas suas vestes! Os dois claro que se apaixonam... Mas surge um demonio horrendo, guerreiro e violento que obriga Sita a ficar com ele. As tantas, aparece um velhote caquetico, suponho que seja o pai dela, que lhe ordena que continue com o feioso. Nisto comecam inumeras guerras (ballet em estilo luta-livre americana), em que surgem apoiantes de cada um dos lados. Um macaco branco e o melhor guerreiro de Rama e, no meio do espectaculo, rebolou, dancou e saltou sobre fogo para o demonstrar. Sita resolve entao fazer oferendas ao que parecia um deus hindu para que a ajudasse, ma o proprio deus fica do lado do demonio horrendo. Ha entao a batalha final, em que Rama, o irmao, o macaco branco e dois macacos anoes vencem o deus, o feio e todos os opositores. Rama e Sita ficam finalmente juntos.


Prambanan

Hoje passei grande parte do dia em Prambanan, um grande complexo de templos hindus a 20 km de Yogyakarta. Tao imponente quanto o Borobudur, surgindo no meio de uma vegetacao abundante, mas totalmente afectado pelo terramoto de Bantul em Maio de 2006. Esta cidade, a apenas 25 km de Yogya, foi destrocada por um tremor de terra 6.3 na escala de Richter. E os templos de Prambanan tambem sofreram fortes consequencias. Quase todos estavam fechados e em reconstrucao, por isso nao me foi possivel admirar as estatuas no seu interior. em redor dos seis templos que continuam de pe, jazem milhares de pedras de outros templos mais pequenos. O templo principal e dedicado a Shiva e esta ladeado pelos templos a Brahma e a Vishnu. A sua frente esta o pequeno templo a Nandi, o touro de Shiva. Este ultimo tem tambem um templo pequeno de cada lado, mas sem estatuas no interior. Um pouco mais longe esta o templo Sewu, tambem completamente destruido. Mas, percorrendo o caminho deparei-me com rebanhos de ovelhas e dezenas de veados, pastando pelos campos de Prambanan. Pode dizer-se que apesar do seu mau estado, Prambanan e uma visita que vale muito a pena. Mas, mais que as palavras, valem as imagens...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Famous in Indonesia

Hoje comecei o dia por ir a Kota Gede, centro de comercio e industria da prata de Yogya, num becak (rickshaw). O condutor de seu nome Kono pedalou como um animal de carga durante cerca de meia hora sob um calor infernal ate la chegarmos. Confesso que ate me senti mal de andar em tal meio de transporte...

Chegados a Kota Gede, ele ficou comigo toda a manha, levando-me a inumeros armazens de prata diferentes, ja que eu queria comparar os precos antes de comprar alguma coisa. Constatei apenas que a prata aqui e bastante cara, quase aos mesmos precos praticados em Portugal. Por isso, nao e de todo o sitio ideal para me entregar ao consumo tresloucado de objectos deste metal. Ao fim de percorrer umas quantas lojas, la encontramos uma mais baratinha e comprei umas coisitas, mais em estilo de lembranca do que outra coisa. Isto tudo com o Kono atras a falar sem parar o pouco ingles que sabia e fazendo de tradutor uma ou outra vez.

Decidi entao regressar a Yogya, visto que em Kota pouco mais se faz sem ser ver prata. No caminho de regresso, Kono continuava a falar e as tantas perguntou-me: "Did you buy batik other day?" Ao qual eu respondi afirmativamente, esperando nao ouvir a pergunta que se seguiu: "How much?" Ok, ja a cidade toda sabe que eu fui aldrabada no meio de uma galeria de pintura batik, no primeiro dia em que aqui cheguei... Pelos vistos paguei cerca de 20 euros por um quadro de quase um metro de altura, e o seu valor era bastante inferior. Admito, sim, fui enganada, mas paciencia. Agora que a cidade inteira ja saiba?? Tenho a leve sensacao que ando na boca do povo aqui... Eu e os jogadores de futebol da seleccao portuguesa...

Yogyakarta e Borobudur

Entrei em contagem decrescente. Exactamente daqui a um mes termina a minha grande viagem e inicia-se uma nova etapa de cidada comum em Portugal. A ver...

Cheguei ontem a Yogyakarta, grande centro artistico e cultural da ilha de Java. Aqui a tradicao soube-se impor a modernidade. Um verdadeiro alivio depois de Jakarta.

Cheguei a estacao de Yogyakarta as 5 da manha e o dia comecava ja a despontar. Tentando decifrar o caminho ate ao hotel, fui mais ou menos ajudada por duas velhotas de lenco na cabeca que nao percebiam ingles e acho que tambem nao perceberam que eu nao pesco nada de indonesio, pois vieram o caminho todo a falar animadamente comigo. Aqui todos sao assim, extremamente simpaticos. Algo a que nos, europeus, nao estamos habituados e que estranhamos sempre meio desconfiados. Ao passear pelo centro da cidade, zona de lojas, mercados e galerias de pintura batik, fiz inumeros "amigos". Todos metem conversa e, na maior parte das vezes, nao querem nada em troca. Apenas poucos nos procuram enfiar em galerias de batik para ver se compramos algo. Estas abordagens ao inicio pareceram-me estranhas, mas depois comecei a encara-las de bom humor e tornaram-se bastante divertidas. Numa delas, explicaram-me que no Kraton (enorme palacio de Yogyakarta, onde vivem e trabalham mais 25.000 pessoas) mora o actual sultao e toda a sua familia, de duas dinastias diferentes. Estava fechado, por isso terei de o visitar num outro dia.

Passeei, perdi-me nos mercados e nas galerias e, depois de lanchar sob uma chuvada tropical, decidi regressar ao hotel. Fui entao novamente abordada por um jovem que se dirigiu a mim com um: "Are you the portuguese girl?". Fazia parte da agencia de viaegns do hotel, mas nao faco ideia como me reconheceu no meio da rua, sem nunca me ter visto. Ao inicio ate pensei que ja tinha saido nos jornais a minha foto sob um: "Portuguese arrived today in Yogya". De resto, hoje ao andar pela rua ouvi uns quantos gritos "hey Portugal!" Whatever...

La comprei os meus bilhetes para visitar os templos de Borobudur e Pramaban, em dois dias diferentes, visto que vou ficar aqui uma semana.
Hoje acordei as 4:30 da manha para visitar Borobudur, que fica a cerca de uma hora de Yogya. Fui a pe ate a agencia de turismo, acompanhada por um dos empregados do hotel que mais uma vez falava animadamente e propunha ensinar-me indonesio, enquanto eu balbuciava sonolenta.

Chegados a Borobudur, foram-nos dadas duas horas para passear a vontade. O templo surge imponente no meio de palmeiras cobertas de nevoeiro, como saido de um sonho. O meu estado, ainda meio a dormir, o amanhecer, o nevoeiro e todo o cenario paradisiaco e tropical, fizeram desta uma experiencia verdadeiramente onirica.

Borobudur procede do sanscrito "vihara Buddha uhr", que significa mosteiro budista na colina. Foi construido entre 750 e 850 d.C., sob a forma de uma imenso mandala e resistiu a erupcoes vulcanicas, terramotos e ate um atentado terrorista em 1985, contra o governo de Suharto. Tem nove andares: seis terracos quadrados e tres circulares. Nos primeiros seis, podem-se admirar infinitos baixos-relevos onde se narram historias da vida quotidiana, dominadas pelo desejo e pela paixao, em que a consequencia dos nossos actos e a reencarnacao num forma de vida superior ou inferior. A medida que se sobe, vai-se alcancando o Nirvana e multiplicam-se os budas e as figuras em meditacao. Os ultimos tres andares circulares ja nao tem baixos-relevos e sao compostos por enormes stupas que crescem ate a stupa central, topo do edificio. O templo foi concebido como uma visao budista do cosmos, subindo do mundo dos sentidos ao mundo espiritual.
De vez em quando, realcadas pela cor escura das pedras, sobressaiam tunicas amarelas de monges budistas que tambem visitavam o templo. A saida, milhares de vendedores ambulantes rodeavam os turistas como moscas atraidas pelo que nos sabemos...

Depois de um pequeno-almoco de torradas e pessimo cafe, partimos a visitar um outro templo nas redondezas: Mendut. Mil vezes mais pequeno que o Borodubur, mas construido com o mesmo estilo de baixos-relevos, e um edificio quadrado ao qual falta a stupa superior, que ficou destruida apor uma erupcao do Gunung Merapi. No seu interior, porem, encontra-se o maior buda de toda a Indonesia (mas com apenas 3 metros...), no meio dos bodhisattvas Lokesvara e Vairapana. E, ao contrario do habitual, esta sentado numa cadeira e com os dois pes no chao.

Entretanto, como estamos na estacao humida, todas as tardes cai uma chuva torrencial sobre Yogya. E, como as 5 da tarde ja e de noite, so me restam as manhas para me aventurar.
Ah! E nao vi nem soube nada de terramoto nenhum, nem tsunamis nem coisas afins... Pelos vistos nao foi em Java. E tambem tentei ontem ver no noticiario e nao falaram nada sobre isso. Ja devem estar mais que habituados...


Borodudur...

Templo Mendut


domingo, 16 de novembro de 2008

Flashes de Jakarta

Enormes edificios brotam aqui e ali no centro de Jakarta, fazendo adivinhar no que se tornara esta cidade dentro de alguns anos. Alem disso, esta carregada de gigantescos centros comerciais com todas as grandes marcas ocidentais existentes. Ontem entrei num que tinha seguranca e detectores de metais a porta e no seu interior grandes lojas Armani, Louis Vuitton, Bulgary, Guess, etc. O espaco era um verdadeiro luxo asiatico.

Apesar do transito ser caotica e de nao valer a pena andar de taxi nem de autocarro dentro da cidade, e um pouco complicado andar a pe. Atravessar as enormes avenidas de quatro a oito faixas e uma aventura, tendo em conta que os semaforos dos peoes raras vezes ficam verdes e os carros aceleram como se fossem numa via rapida.

Ao contrario da ideia que nos, portugueses, temos, em parte devido a situacao de Timor-Leste, os indonesios sao extremamente simpaticos. Talvez ate simpaticos demais. No espaco de 20 metros somos capazes de ouvir mais de 10 Hello! How are you?. E ontem quando respondi a um empregado de uma loja que era portuguesa, ele abriu a cara num grande sorriso e perguntou: "Like portuguese from Timor?" Achei engracada a sua reaccao. Alem de Timor, a Indonesia sofre com varios conflictos independentistas, em Aceh e Papua, onde milhares de pessoas foram (e sao...) assassinadas pelo exercito indonesio, com o apoio dos EUA e da Australia, que tem fortes interesses economicos na zona. O ouro, o gas natural e o petroleo destas regioes fizeram com que as empresas Exxon-Mobil e Freeport pagassem ao governo indonesio dezenas de milhoes de dolares para suprimir as tendencias separatistas. Creio que Timor so conseguiu a sua independencia por carecer de valor economico e, consequentemente, pela pressao da ONU.

Em Jakarta vivem 9 milhoes de pessoas, embora durante o dia o numero ronde os 20 milhoes de pessoas que aqui trabalham. Nao ha muito para fazer ou ver no novo centro da cidade. Porem, em Kota, junto do porto e antigo centro economico aquando da ocupacao holandesa, devera ser mais interessante. Irei quando regressar a Jakarta.

sábado, 15 de novembro de 2008

Jakarta

Teatro de marionetas. Museu Nacional

Jardim de estatuas. Museu Nacional
Palacio Presidencial. Jakarta
Jakarta
As minhas marionetas que nao cabem na mala


Calor... um calor humido e abafado... insuportavel... O clima tropical da ilha de Java, na Indonesia, faz com que so existam aqui duas estacoes. Nao ha grandes diferencas de temperatura entre verao e inverno, apenas que a primeira e a estacao seca e a segunda a estacao das chuvas.

Aterrei ontem a 7 da tarde em Jakarta e ja era noite cerrada. Demorei quase 2 horas a percorrer 20 km num taxi, devido ao transito caotico da capital. Para terem uma ideia, na auto-estrada que entra na cidade e que tem 2 faixas, havia 4 filas de carros, num dos maiores engarrafamentos que alguma vez vi. Os carros da policia circulavam com as sirenes ja em cima da terra, pela berma.
Cheguei ao hostel a transpirar por todos os lados. Seguramente com algum sentido de humor, o meu guia descrevia-o como "pensao original, bastante caseira e com quartos basicos. Todo o local inspira uma atmosfera caseira e familiar". Depois de ver o seu interior, a parte da "pensao original" ganhou um novo significado. Pelo menos, o quarto estava impecavelmente limpo. Quando finalmente me deitei sobre a cama, o calor, o ar irrespiravel, as paredes amareladas, a ventionha que nao funcionava e a fresta aberta no cimo da parede por onde passava a luz e o barulho do quarto ao lado, fez-me subitamente recordar o inicio do livro "The beach" (infinitas vezes melhor e mais complexo que o insipiente filme... fica aqui uma sugestao de leitura), em que o personagem principal alucinava no quarto da sua pensao em Bangkok com o hospede do quarto vizinho. Outro pormenor e que a cama so estava feita com um lencol por cima do colchao. E com toda a razao, porque algo para cobrir o corpo seria completamente inutil.

Estou tambem ainda por descobrir o uso das casas-de-banho aqui. Nao tem autoclismo. E ao lado da retrete esta sempre uma mangueira dentro de um tanque. Ultrapassa-me. Depois de percorrer varios locais, finalmente encontrei algo decente num Starbucks hoje. Para alguma coisa os americanos hao-de servir...

Mas, passando a temas menos fisiologicos, as duas primeiras missoes de hoje ja foram cumpridas. Arranjar um hotel para o regresso a Jakarta daqui a uma semana e comprar o bilhete de comboio para Yogyakarta amanha a noite. O caminho a pe ate a estacao, de mapa na mao, lutando por sobreviver a este clima e sendo constantemente abordada por taxis, rickshaws, motas e afins ocasionou algumas respostas menos apropriadas para uma jovem como eu. Mas o meu mau humor costuma aumentar a partir dos 27 graus de um clima tropical. Alem de que a minha fatiota de tunica comprida com o objectivo de "mingle" nao serviu para nada.

Mais uns quantos metros e avistei o Museu Nacional da Indonesia e la fui eu enfiar-me num ar condicionado. O Museu tem inumeras e infindaveis coleccoes de fosseis, esqueletos, artefactos, artesanato, miniaturas de casas, templos e barcos, estatuas, joias, etc. As informacoes apenas estavam em indonesio, por isso limitei-me a deambular por ali e a admirar as exposicoes. Mas deu para perceber que a historia da Indonesia data desde 4000 a.C. e e riquissima, com influencias hindus, budistas, islamicas e ocidentais. Depois de uma vista de olhos pelo meu guia, apenas posso dizer que e demasiado complexa para poder aqui explicar.

Caminhei mais uns metros e novamente me refugiei num ar condicionado, desta vez no Starbucks, para finalmente ir a casa-de-banho e comer algo. Imagino como vou tomar banho hoje...

Sai. Mais uns metros e o calor novamente me empurrou para dentro de um centro comercial, dos mais luxuosos que existem de certeza. Creio que por esta altura ja devem estar a imaginar o bafo que e esta terra.

Depois de me refrescar, voltei a rua e finalmente apareceram umas nuvens que tornaram possivel o passeio. Fiz toda a rua das embaixadas, ao mais puro nivel do Restelo, mas triplicando em tamanho e em luxo, ate ao mercado Rastro. O objectivo era comprar umas marionetas que tinha visto no museu e pelas quais me apaixonei. Por fim, la as encontrei e depois de regatear o preco, trouxe duas por cerca de 5 euros. Tenho agora um pequeno problema: a parte onde se agarra e demasiado pontiaguda e de certeza que nao me vao deixar levar no aviao, e nao cabem na mala... Tenho de descobrir uma forma de as poder levar...

Entretanto, de volta ao hostel, e estudando mais a fundo o assunto "banho", descobri uma seccao no guia onde se explica o funcionamento das casas-de-banho na Indonesia. Passo entao a explicar. De seu nome "mandis", contam com um grande deposito de agua e uma mangueira de plastico. Nao se deve entrar no deposito, ja que dali sai a agua e outras pessoas a utilizarao depois. Deve-se por isso molhar o corpo com a agua do deposito. Enquanto a retrete, como nao ha papel higienico nem autoclismo, os indonesios usam a mangueira e a agua do deposito para limpar as suas partes intimas com a mao esquerda. Logo deitam agua para dentro da retrete para esvaziar. Ja tinha ouvido falar deste costume da mao esquerda tambem na India. E que os indianos cumprimentavam sempre com a mao direita... Resumindo: bonito servico! Todos os dias terei de ir ao Starbucks!

Entretanto, estive a fazer contas a vida e ao dinheiro e acho que quando voltar para Jakarta, continuarei neste hostel. Aqui pago 3 euros por noite, enquanto no outro pagarei 30! E tirando o pormenor da casa-de-banho, o resto nao e assim tao mau.

Ja fui ver melhor a casa-de-banho e ha uma torneira tipo chuveiro que sai do tecto, com agua fria apenas. Nao estamos assim tao mal de facto. Preparo-me agora psicologicamente para o meu primeiro banho indonesio, enquanto comecam a soar ao longe trovoes poderosos e o ceu a ficar negro de nuvens...