sábado, 15 de novembro de 2008

Jakarta

Teatro de marionetas. Museu Nacional

Jardim de estatuas. Museu Nacional
Palacio Presidencial. Jakarta
Jakarta
As minhas marionetas que nao cabem na mala


Calor... um calor humido e abafado... insuportavel... O clima tropical da ilha de Java, na Indonesia, faz com que so existam aqui duas estacoes. Nao ha grandes diferencas de temperatura entre verao e inverno, apenas que a primeira e a estacao seca e a segunda a estacao das chuvas.

Aterrei ontem a 7 da tarde em Jakarta e ja era noite cerrada. Demorei quase 2 horas a percorrer 20 km num taxi, devido ao transito caotico da capital. Para terem uma ideia, na auto-estrada que entra na cidade e que tem 2 faixas, havia 4 filas de carros, num dos maiores engarrafamentos que alguma vez vi. Os carros da policia circulavam com as sirenes ja em cima da terra, pela berma.
Cheguei ao hostel a transpirar por todos os lados. Seguramente com algum sentido de humor, o meu guia descrevia-o como "pensao original, bastante caseira e com quartos basicos. Todo o local inspira uma atmosfera caseira e familiar". Depois de ver o seu interior, a parte da "pensao original" ganhou um novo significado. Pelo menos, o quarto estava impecavelmente limpo. Quando finalmente me deitei sobre a cama, o calor, o ar irrespiravel, as paredes amareladas, a ventionha que nao funcionava e a fresta aberta no cimo da parede por onde passava a luz e o barulho do quarto ao lado, fez-me subitamente recordar o inicio do livro "The beach" (infinitas vezes melhor e mais complexo que o insipiente filme... fica aqui uma sugestao de leitura), em que o personagem principal alucinava no quarto da sua pensao em Bangkok com o hospede do quarto vizinho. Outro pormenor e que a cama so estava feita com um lencol por cima do colchao. E com toda a razao, porque algo para cobrir o corpo seria completamente inutil.

Estou tambem ainda por descobrir o uso das casas-de-banho aqui. Nao tem autoclismo. E ao lado da retrete esta sempre uma mangueira dentro de um tanque. Ultrapassa-me. Depois de percorrer varios locais, finalmente encontrei algo decente num Starbucks hoje. Para alguma coisa os americanos hao-de servir...

Mas, passando a temas menos fisiologicos, as duas primeiras missoes de hoje ja foram cumpridas. Arranjar um hotel para o regresso a Jakarta daqui a uma semana e comprar o bilhete de comboio para Yogyakarta amanha a noite. O caminho a pe ate a estacao, de mapa na mao, lutando por sobreviver a este clima e sendo constantemente abordada por taxis, rickshaws, motas e afins ocasionou algumas respostas menos apropriadas para uma jovem como eu. Mas o meu mau humor costuma aumentar a partir dos 27 graus de um clima tropical. Alem de que a minha fatiota de tunica comprida com o objectivo de "mingle" nao serviu para nada.

Mais uns quantos metros e avistei o Museu Nacional da Indonesia e la fui eu enfiar-me num ar condicionado. O Museu tem inumeras e infindaveis coleccoes de fosseis, esqueletos, artefactos, artesanato, miniaturas de casas, templos e barcos, estatuas, joias, etc. As informacoes apenas estavam em indonesio, por isso limitei-me a deambular por ali e a admirar as exposicoes. Mas deu para perceber que a historia da Indonesia data desde 4000 a.C. e e riquissima, com influencias hindus, budistas, islamicas e ocidentais. Depois de uma vista de olhos pelo meu guia, apenas posso dizer que e demasiado complexa para poder aqui explicar.

Caminhei mais uns metros e novamente me refugiei num ar condicionado, desta vez no Starbucks, para finalmente ir a casa-de-banho e comer algo. Imagino como vou tomar banho hoje...

Sai. Mais uns metros e o calor novamente me empurrou para dentro de um centro comercial, dos mais luxuosos que existem de certeza. Creio que por esta altura ja devem estar a imaginar o bafo que e esta terra.

Depois de me refrescar, voltei a rua e finalmente apareceram umas nuvens que tornaram possivel o passeio. Fiz toda a rua das embaixadas, ao mais puro nivel do Restelo, mas triplicando em tamanho e em luxo, ate ao mercado Rastro. O objectivo era comprar umas marionetas que tinha visto no museu e pelas quais me apaixonei. Por fim, la as encontrei e depois de regatear o preco, trouxe duas por cerca de 5 euros. Tenho agora um pequeno problema: a parte onde se agarra e demasiado pontiaguda e de certeza que nao me vao deixar levar no aviao, e nao cabem na mala... Tenho de descobrir uma forma de as poder levar...

Entretanto, de volta ao hostel, e estudando mais a fundo o assunto "banho", descobri uma seccao no guia onde se explica o funcionamento das casas-de-banho na Indonesia. Passo entao a explicar. De seu nome "mandis", contam com um grande deposito de agua e uma mangueira de plastico. Nao se deve entrar no deposito, ja que dali sai a agua e outras pessoas a utilizarao depois. Deve-se por isso molhar o corpo com a agua do deposito. Enquanto a retrete, como nao ha papel higienico nem autoclismo, os indonesios usam a mangueira e a agua do deposito para limpar as suas partes intimas com a mao esquerda. Logo deitam agua para dentro da retrete para esvaziar. Ja tinha ouvido falar deste costume da mao esquerda tambem na India. E que os indianos cumprimentavam sempre com a mao direita... Resumindo: bonito servico! Todos os dias terei de ir ao Starbucks!

Entretanto, estive a fazer contas a vida e ao dinheiro e acho que quando voltar para Jakarta, continuarei neste hostel. Aqui pago 3 euros por noite, enquanto no outro pagarei 30! E tirando o pormenor da casa-de-banho, o resto nao e assim tao mau.

Ja fui ver melhor a casa-de-banho e ha uma torneira tipo chuveiro que sai do tecto, com agua fria apenas. Nao estamos assim tao mal de facto. Preparo-me agora psicologicamente para o meu primeiro banho indonesio, enquanto comecam a soar ao longe trovoes poderosos e o ceu a ficar negro de nuvens...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Last day in Sydney...

Hoje acordei cansada... Nao cansada fisicamente, mas psicologicamente. Talvez para isso tenham contribuido a mudanca brusca da Ilha da Pascoa (e de toda a America do Sul) para Sydney, ou o facto de nao ter tempo para digerir calmamente tudo o que ja vi, ouvi e senti ou ainda as saudades daquele que agora sei ser o meu lugarzinho no mundo, perto dos amigos e da familia. Acordei com a vontade de fazer um intervalo, ir a Portugal umas semaninhas, e recomecar a viagem, agora pela Asia. Ele ha dias assim... Dias de tipica nostalgia portuguesa que o genial Antonio Variacoes tao bem soube resumir:

Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu nao estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu nao vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu nao estou.

Devido a este estado de espirito, resolvi ir recarregar energias e revitalizar-me no Chinese Garden of Friendship, que fica entre Chinatown e Darling Harbour. E um belo parque ao mais puro estilo chines, segundo os principios de Ying e Yang, e cheio de lagos, arvores, bonsais, bambus, pequenos pavilhoes, pontes, bancos, cascatas, dragoes, varandas e carpas gigantes nadando de um lado para o outro. Poderia ter sido melhor se nao houvessem umas obras ali perto que soavam de forma irreal num cenario tao zen.

Alem disso, a ida ao Jardim Chines serviu tambem como iniciacao a minha passagem para terras asiaticas. Sim, porque ja amanha parto para a Indonesia e comeca a etapa decrescente desta aventura.

Depois de almocar no Darling Harbour, passei a tarde deambulando sem rumo pela cidade, rodeada de homens engravatados e mulheres aperaltadas, todos absortos na frenetica rotina do dia-a-dia. "I'm an alien, I'm a legal alien..."
Regressei depois para passar um tempinho na piscina com o meu diskman e relaxar.

Hoje perguntaram-me se eu usava spray bronzeador (imagine-se a minha cor!), ao que eu respondi atonita: "Nao. Simplesmente passei os ultimos dois meses ao sol!" E realmente, depois de olhar com mais atencao, acho que nao fico mais escura que isto. Ja nem levemente vermelha fico com o sol australiano... E todas as sardas do meu nariz se uniram para formar o clube da Enorme Mancha Castanha.

E chegou a altura de fazer a mala novamente e em breve embarcar rumo a um novo destino...


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Guilty as charged!

Ok, confesso. Foi inevitavel. Nao pude resistir... Nao me contive... E estava-se mesmo a ver que mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Mesmo assim, ainda consegui aguentar um mes e meio.

Tudo comecou quando hoje decidi passar a manha na unica parte da cidade que ainda nao tinha conhecido, e que valia a pena visitar: Kings Cross e Paddington. La fui eu, tranquila da vida, sem saber que caminhava na direccao da ratoeira que me estava preparada.

Kings Cross e Paddington sao os dois bairros, segundo me pareceu, mais "in" de Sydney. Formados por pequenos predios e enormes casas de familia, e aqui que se encontram infinitos pequenos cafes e bares "in", restaurantes "in" e finalmente as lojas mais "in" que ja vi na vida. Pequenas lojas no res-do-chao dos predios de designers de roupa, sapatos, lingerie, etc, etc. Uma perdicao para quem gosta de moda e nao pode gastar dinheiro. Autentico destino proibido! Mas, as tantas, depois de admirar de longe milhares de montras absolutamente deliciosas, houve uma que nao resisti e tive de entrar. Mal jogado. Uma loja de um tal Christien Audigier, chamada Ed Hardy, que segundo o lema vende Vintage Tattoo Wear. As paredes mostravam fotografias de Madona, Fergie, Beckham, Denis Rodman, entre muitos outros, exibindo orgulhosos e luzidios pecas desenhadas pelo dito cujo. E, ao dar uma volta pelo seu interior, apaixonei-me por um bikini. Amor a primeira vista! Levantei a etiqueta e quase me dava um piripaque. Sai quase a correr.

Continuei a caminhar e pensando exaustivamente sobre o caso: o que fazer? A duvida consumia-me por dentro. Precisaria de algum outro sinal? Como continuar depois disto? Pois bem, que se lixe! Depois de tanta viagem, este sentimento por uma peca de roupa querera dizer algo. Digamos que fica presente de anos e de natal e do ano que vem e do outro ainda...

Sou a orgulhosa possuidora de um bikini que custa os olhos da cara. E ja o estreei toda a tarde na piscina! Nao se desmaterializa na agua! Funciona!

(Ate punha uma fotografia, mas eu de bikini neste blog para toda a gente ver... nao me parece!)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Down under... Sydney

10.11.2008

And now for something completely different: Australia!

Comeco pela observacao que me parece mais flagrante: Sydney tem sem duvida as moscas mais chatas e mais lentas de todo o mundo... Aparte disso, vou resumir as minhas restantes impressoes ate agora.

Chegada ao hostel as 9 da manha de ontem, depois de um inexistente dia 8 de Novembro e com os horarios e os calendarios tao absolutamente trocados, larguei as malas e parti a descoberta desta cidade de Oz. Caminhei toda a George St. ate ao porto e constatei duas coisas: isto esta cheio de japoneses e a malta consegue ser ainda mais fashion do que em Londres. E conduzem como em Inglaterra, no (nosso) lado contrario, o que seguramente vai proporcionar mais alguns momentos perigosos. Tambem a boa maneira inglesa, Sydney esta cheia de espacos verdes, parques e jardins, que conseguem desanuviar um pouco o ar da cidade. De certos pontos parece literalmente uma selva urbana, com palmeiras, arvores e abundante vegetacao e, por tras, enormes edificios de vidro que trepam ate ao ceu.

Chegando ao porto, a zona The Docks, avistei logo a famosissima Opera House impondo-se no cenario. E tambem a enorme Sydney Harbour Bridge, outro simbolo da cidade. Esta zona esta cheia de lojas, cafes, restaurantes e e aqui o porto para os cruzeiros turisticos. Por isso, o movimento nao para. As tantas vi uns aborigenas pintados a dancar e a tocar didgiridoo num espectaculo que se pensaria ser bastante tradicional, nao fosse a musica por tras um trance a partir a loica toda. La fiquei a rir e a ouvir e perguntei a um deles se o cd que vendiam tambem era assim. Disse que a musica era mais calma e la me resolvi a compra-lo. Enquanto me afastava, e ja a uns bons 10 metros dali, algo me fez desatar a rir. O musico que tocava o didgiridoo, e que tinha um microfone, interrompeu subitamente a sua performance e a sua voz soou bem alto nas colunas:"I suddenly feel like going to Portugal!" Confesso que num domingo, com o porto cheio de turistas, foi bastante comico.

Entre contornar a Opera House, passear pelos Royal Gardens, ir ao Darling Harbour, passando pela China Town, e regressar ao hostel, assim foi o meu primeiro dia.

Hoje passei a manha na Bondi Beach, onde ha mais surfistas que num dia bom de Carcavelos, e vi algo inedito. Tive de tirar uma fotografia e tudo. um individuo que surfava de pe e com um remo! Entrou de pe em cima da prancha a remar, apanhava as ondas com o remo e nem quando saia da onda caia ou se deitava: tudo de pe! Absolutamente genial!

Depois de um fabuloso almoco num tipico mexicano (que saudades...) em frente a praia, tentei fazer o caminho de Bondi Beach a Congee pela costa, mas desisti a meio, pois o calor abrasador nao deu para mais.

12.11.2008

Hoje sai cedo para ir ate a Opera House ver se conseguia comprar um bilhete para um qualquer espectaculo que houvesse e me interessasse. Tinha jurado a mim mesma que quando viesse a Sydney teria obrigatoriamente de o fazer. La comprei para um Ballet moderno hoje a noite. A ver...

Depois fui ate a Sydney Tower apreciar as vistas da cidade a uma altura vertiginosa. Ainda ganhei uma fotografia ridicula de mim dentro da torre e com a cidade por tras, mais uns quantos postais em que apenas mudava o fundo. O tipico souvenir de turista...

Depois de um sushi e um largo passeio pela cidade, resolvi fazer algo em relacao a juba aniquiladora de pentes e escovas em que se tornou o meu cabelo. Entrei num cabeleireiro ao acaso e um habilidoso chines conseguiu em uma hora tornar a selva que saia da minha cabeca num cabelo liso e sedoso. Dizem que das maos dos chineses e impossivel sair algo feio. Esta mais que visto! Sai de la airosa e fresca. Penso que os meus milhoes de cabelos me sussurraram, agradecendo tal mimo.

De repente lembrei-me que para ir ao ballet, ainda mais na Opera House de Sydney, nao se vai de qualquer maneira, muito menos com as minhas botas do trekking, com as sandalias do indio ou com os tenis do skate. La comprei um belo sapatinho de Cinderela e um vestidinho a condizer para ir como Deus manda assistir ao espectaculo. Ha coisas que nunca mudam...
Sydney Opera House

Dressed up for ballet..


The Rocks e Harbour Bridge


Any given bird in Sydney...

Bondi Beach e arredores

... e o cromo do remo!

Vistas desde Sydney Tower

... And last but not least...! O orgulho patriotico proporcionado por esta cadeia de restaurantes espalhados pela cidade.

NINGUEM assa frangos como NOS! Forca Portugal!!!