sábado, 11 de outubro de 2008

Lineas de Nazca

Acordei às 7:30 com o empregado da recepçao a avisar que o Sr. Pepe já estava à espera para ir para o aeroporto. Tendo em conta que supostamente o que estava combinado era eu ir ter à agência, que fica do outro lado da rua, às 8 da manha... quem bem me conhece sabe que às 7:30 ainda estava eu num sono profundo. E, como toda a gente que é acordada de repente e já deveria estar acordada, fingi com uma voz vinda das profundezas que já estava quase pronta: Ahora bajo!

Por isso, vesti-me a correr e sai sem pequeno-almoço, o que até se revelou bastante mais astuto.

Chegados ao aeródromo (certamente nao um aeroporto), embarquei com outras quatro pessoas num Cessna e, num voo de 35 minutos, percorremos a mais importantes figuras desenhadas na areia. Atente-se ao facto de que a avioneta girava primeiro totalmente sobre um lado e logo fazia o mesmo sobre o outro, para que todos pudessem tirar boas fotografias de cada desenho. Daí o ter sido boa ideia ir sem tomar pequeno-almoço...

Visto de cima, é realmente um espectáculo assombroso... Dá para imaginar a estupefacçao do cientista americano Paul Kosok quando, em 1939, voando sobre o deserto descobriu as extensas linhas, repartidas ao longo de 500 km2!
O Cessna Triângulos e linhas de quilómetros ao longo da areia O Condor de 130 m de envergadura
O Papagaio O Astronauta

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Bienvenido a Nasca!

Mais uma moedinha, mais uma voltinha, e mais uma viagem de autocarro de 14 horas. Viva a Cruz del Sur!
Despois de um passeio ate as 11 da manha pelo Centro (e tendo em conta que Nazca e tao pequena, que se resume a mais ou menos 6 ruas paralelas), a energia foi-se abaixo e tive de ir dormir uma sesta matinal. Nao sem antes tratar do essencial: o bilhete de autocarro para Arequipa daqui a 3 dias e o bilhete de aviao para ver as famosas linhas de Nazca amanha as 8 da manha. Pois e, pela primeira vez vou por os pes num Cessna!

Acordei as 2 e depois de almocar umas brochetas de pollo picante, levei o Gato Cosmico ao miradouro das linhas. E pode dizer-se que esta foi a minha primeira aventura nesta cidade. Passo a explicar: o miradouro fica a 30 km a norte de Nazca, na Panamericana (especie, repito especie, de autoestrada ca do sitio). Nao sei se ja referi, mas os autocarros na America do Sul nao tem paragens. Por isso, e essencial saber a rota do autocarro e ficar no meio da estrada a espera que ele passe. A saida de Nazca, la encontrei um que segiua em direccao a Ica e subi. A paisagem envolvente e completamente inospita. Quase como uma paisagem lunar, desertica, com montanhas de rocha, pedras e po. As linhas ficam ao longo da Panamericana e consistem em linhas e desenhos realizados pela cultura Nazca (anterior a Inca), gigantes e que so podem ser apreciados desde o ceu. Dai as teorias surrealistas de pistas de aterragem para ovnis e coisas afins. Na verdade, pensa-se que serviam como uma especie de calendario. O terreno e plano e coberto de pequenas pedras. A populacao de Nazca limitou-se a afastar as pedras, desenhando animais, plantas e linhas, e ficando a descoberto a cal do chao. Porem, desde o miradouro so se consegue avistar a ra e a arvore. Terminada a sessao fotografica, tentei que os autocarros de regresso a Nazca parassem para eu subir. Em vao... Por 2 soles e a 15 ou 20 minutos de chegar, nenhum quis parar. Passada meia hora de tentativas mal sucedidas, o guia de um autocarro de turismo cheio de suecos e noruegueses, que visitavam tambem o miradouro, ofereceu-se para me trazer de volta. A sorte esta do meu lado!

Agora, de volta ao hotel, um autentico mimo, com jardim e piscina, e um quarto de casal so para mim com televisao e tudo (ha que tirar a barriga de miserias...) vou tomar uma banhoca e aguardar pelo jantar.
A vida e boa...

... e o hotel... luxooo!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Último dia em Cuzco

Saio de Cuzco com a moral em baixo... E passo a explicar as razöes.
Começo pelo mau tempo: há quatro dias que chove durante todo o dia. Basicamente desde o meu aniversário. A chuva a cortar a pele como lâminas e o vento frio que a queima näo däo espaço a grandes aventuras ao ar livre por estas bandas. Mas, para compensar, todos no Hostel nos hemos ido de fiesta casi todas las noches. À noite, incompreensivelmente, o tempo melhora bastante.
Segunda razäo: Cuzco é uma cidade demasiado turística. Näo me consigo sentir verdadeiramente no Perú... tudo aqui é turismo. Como uma espécie de Matrix, em que só vemos aquilo que nos deixam ver e controlam os nossos movimentos para que näo nos apercebamos da realidade. (Estou a exagerar um bocado... estou de mal humor...) Pelo que já depreendi aqui, ou as pessoas locais de dedicam ao turismo, como empreendedores, abrindo hotéis, pensöes, restaurantes, lojas, bares, mercados de artesanato, ou entäo näo saem da cepa torta. Ah! E tendo em conta que todos estes estabelecimentos sejam exclusivamente para turistas, porque senäo näo ganham dinheiro nenhum. E é de facto muito injusto o facto de esta gente viver miseravelmente, fazendo coisas pelas quais deveria ser bem paga. Como, por exemplo, as chismeñas (mulheres peruanas tradicionalmente vestidas com uma saia de roda e um pano colorido às costas, com duas longas tranças e um chapéu de coco), muito pobres, e que se dedicam ao artesanato, aos pequenos quiosques de bebida e comida nas ruas (näo para turistas, mas sim para cuzquenhos), à agricultura e à pecuária (criando lamas, ovelhas, vacas, porcos pretos, porquinhos da índia, etc), e fazem parte do escaläo mais pobre da sociedade. Porém, sem elas os restaurantes näo teriam comida, nem os mercados teriam artesanato... E pelo menos o artesanato peruano, sendo dos mais bonitos e elaborados que já vi, deveria ser melhor pago. Aos produtores, näo aos intermediários, que fique claro.
Outra coisa que eu já sabia, mas que custa sempre um bocado quando se vê in sito, tem a ver com as ruínas incas ao redor de Cuzco. Säo quase inexistentes. Apenas restam os blocos de pedra maiores, que os espanhóis näo puderam ou näo quiseram transportar. Todos os templos foram destruídos e as suas pedras utilizadas na construçäo da Catedral, das Igrejas e da Praça de Armas. Mais ou menos como quando Cortéz chegou à Cidade do México e näo teve hesitaçäo alguma em destruir o Templo Maior para pavimentar (repito: somente pavimentar!) a Praça do Zócalo. Só que desta vez o herói tinha o nome de Pizarro. A prepotência europeia com o intuito de fazer o que está certo, näo tem limites. Por que é que pessoas que säo completamente diferentes de nós haveriam de ser obrigadas a pensar de maneira igual. E, passados 500 anos, continuamos igualmente prepotentes.

Peço desculpa aos leitores, mas hoje estou com os azeites...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Nostalgia em dia de tempestade...

Tempestade

Uma nuvem caiu sobre Cuzco. A mais de 3000 metros de altitude, os trovöes ecoam no topo das montanhas vizinhas. Caminho contra a chuva e o frio corta-me as mäos e os lábios. É como se o céu nos tivesse engolido. Como se nós mesmos fôssemos a trovoada que se forma no céu e chovêssemos juntamente com as gotas de água sobre as terras que estäo abaixo de nós. Outro troväo ecoa nas ruas empedradas. Estamos onde se formam as trovoadas. Cuzco em quetchua significa Umbigo do Mundo. Penso que deveria ser o Umbigo do Céu. Aqui podemos tocar as nuvens. Aqui somos a chuva que cai.


Recordaçöes

Todos somos feitos de recordaçöes. Caminhamos pela vida tentando criar momentos que possam ser recordados. Sejam bons ou maus, tentamos que fiquem impressos no mapa da nossa memória. Porque todos somos feitos de recordaçöes. Tento criar a minha memória. Tento fazê-la única e inesquecível. Antes deixar de existir do que nunca ser aquilo com que sonhei. E só tenho esta oportunidade. A vida näo se vai voltar a repetir. A água de um rio nunca passa duas vezes pelo mesmo sítio... E os nossos sonhos valem sempre a pena, pelo simples facto de que um dia os sonhámos. Mesmo que nos pareçam impossíveis de alcançar. Eu quero ser o meu sonho. Estou a tornar-me no meu sonho. E um dia aquilo com que sonhei tornar-se-á numa recordaçäo. Nesse dia serei feliz.

E entretanto... no outro lado do mundo

Por motivo do meu aniversário, fui brindada com esta visao celestial desde a terra pátria...
Aqui vai a minha querida afilhada numa fantástica e elaborada producao de moda (atente-se ao pormenor das unhas pintadas). A temática surgiu inspirada na fotografia dos mexicanos com cartazes oferecendo-se para trabalhar, e, acompanhada da Emília do Sítio do Picapau Amarelo, quase se poderia dizer que Maria Francisca es una verdadera chiquita mexicana!
There are some things money just can't buy...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Algo de japones? ou Nada que fazer numa segunda-feira de chuva...

Já em Lima me tinha ocorrido tal ideia, mas foi aqui em Cuzco que ganhei uma certeza, que de momento nao posso fundamentar. Portanto, tudo o que direi (ou escreverei) agora sao puras especulacoes baseadas na observacao e deducao. Dito assim, até parece algo científico... mas nao é!
Os peruanos, na sua maioria indígena (apenas uma mísera percentagem da populacao é branca, principalmente residente em Lima, o que origina uma grande discriminacao), sao muito parecidos com os japoneses! Aliás, seria infinitamente mais fácil um japones fazer-se passar por peruano do que eu... mesmo com o cabelo preto! ehehe! Há muito de japones nas suas feicoes, nos olhos, no queixo, na boca... Ousaria até dizer que os peruanos sao quase japoneses, mas mais escuros de pele.
Vendo isto, e como hoje está de chuva e nao tenho grande coisa que fazer, pus-me a pensar...
Olhando para um atlas, o Perú está mais próximo da Ásia do que da Europa, certo? E, tendo em conta que na época da colonizacao e mais tarde na I e II Guerras Mundiais e consequente emigracao europeia, ficava muito mais fácil o estabelecimento na costa oeste da América do Sul. Por isso, os brasileiros, argentinos e até os chilenos se parecem muito mais connosco, sao muito mais mesticos. Atravessando o Atlantico, para chegar ao Perú é necessário atravessar toda a Amazónia, algo que considero que seria practicamente impossível em épocas passadas...
Por outro lado, nao sei até que ponto houve mesticagem entre asiáticos e habitantes da regiao que hoje corresponde ao Perú e ao Equador. O guia de viagem nao tem qualquer tipo de informacao sobre este assunto que me intriga...
De qualquer forma, aqui fica a ideia, para mais tarde investigar...

E já agora, aqui fica uma boa foto. Enjoy!

domingo, 5 de outubro de 2008

Uma cidade nas nuvens

Depois de uma viagem de quatro horas num comboio serpenteando e recortando caminho por entre as montanhas, este foi sem dúvida o melhor presente de aniversário de sempre...
Absolutamente sem palavras.... MACHU PICCHU