sábado, 22 de novembro de 2008

KLA Project - Yogyakarta

Ja tenho o cd...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Surpresas

Cada dia fico mais surpreendida com o caracter dos indonesios. Ontem conheci uma espanhola com os seus quarenta anos, que esta a viajar pelo mundo durante um ano. Com ela falei sobre os indonesios, sobre a sua forma de ser, os seus costumes, etc, e chegamos a acordo de que sao dos povos que mais surpreendem. Pela sua abertura, pela sua simpatia, por saber bem receber os turistas. Aqui todos adoram falar com estrangeiros. Ate as criancas, minimas, que chegam ao pe de nos a correr, param subitamente a nossa frente e gritam um "hello!" (a unica coisa que sabem dizer) super convencidas, mostrando aos seus amiguitos que sabem falar ingles. Tambem ja me aconteceu por duas vezes, ao pagar a conta depois de comer (nao sei onde ando com a cabeca...), constatar que me esqueci do porta moedas no hotel. Sem nenhum problema, deixam-me sair com um grande sorriso "No problem! No problem!", para buscar o dinheiro e voltar para pagar.

Hoje ao tomar o pequeno-almoco num cafe, juntou-se a mim um velho pescador indonesio, e falamos um bom bocado. Depois das perguntas tipicas do de onde es, que estas aqui a fazer e estas sozinha, disse-me que eu era muito corajosa por viajar assim sozinha. Eu respondi que de facto nao era tao dificil, que ao inicio pensaria que seria muito mais complicado. As tantas la ganhei coragem e perguntei se os indonesios nao tinham uma ma imagem dos portugueses, devido a Timor-Leste, e que eu pensava que tinham antes de ca chegar (tal como nos temos dos indonesios), e ele abriu a cara num grande sorriso e respondeu: "That is my government business, not people business". Acho que foi a resposta mais sabia e mais honesta que me poderiam dar a esta questao. E por um velho pescador de Yogyakarta...

Entretanto fica aqui o esclarecimento: o sufixo "karta", usado em palavras como Yogyakarta, Jakarta ou Surakarta, deriva da palavra "kraton", palacio do sultao, como o que eu visitei aqui em Yogya: o grande complexo de edificios dentro de muralhas onde vive o sultao, a sua familia e milhares de outras pessoas e que antigamente representava toda a cidade.



PS: Agradecia que se alguem soubesse o nome do animalito na fotografia do Mercado das Aves, que me informasse.

Mais aventuras em Yogya

Fiquei entalada dentro de um vestido numa loja. Ao experimenta-lo, nao me ocorreu que o tecido de elastico, nao tinha nada. E o esforco que fiz para enfiar-me dentro dele foi quadriplicado para o tirar. Por sorte nao o rompi, mas o tempo todo que fiquei dentro do provador deve ter parecido bastante insolito para as empregadas da loja. A situacao foi tao grave que, nao fossem elas extremamente muculmanas de lenco na cabeca, eu teria pedido ajuda. Mas aparecer a frente delas de soutien com um vestido preso nos ombros nao me pareceu la muito boa ideia. Com muito esforco la o consegui tirar e, como nao tinham maior, acabei por compra-lo e no hotel desfiz umas quantas costuras para nao passar por semelhante suplicio desesperante outra vez...

Jantei num restaurante/bar com musica ao vivo. Quando cheguei estava a dar um dvd de um concerto do Ricky Martin, imagine-se! Depois de comer, e a espera que comecasse a banda, fiquei especada a olhar para aquele fenomeno porto-riquenho. Fiz logo dois amigos e houve um que me perguntou se eu gostava do Ricky, tal deveria ser a minha cara de espanto a ver semelhante personagem, ao que eu respondi negativamente. Entao ele voou apressado e colocou rapidamente um dvd do Robbie Williams. Nao que seja um dos meus cantores favoritos, mas bastante melhor do que o anterior. Na meia hora que se seguiu ja estava rodeada de indonesios que sabiam de cor todos os jogadores da seleccao portuguesa. Soube ainda que ganhamos ao Chile, com dois golos do Cristiano. Finalmente chegou o concerto de rock de uma banda indonesia chamada Jimmy qualquer coisa. Estive ainda uma hora a ouvir Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, entre outros. Muito bom!

Fui finalmente ao Kraton, palacio de Yogyakarta onde vive o actual sultao. As suas muralhas ocupam o espaco de 1 km2. Numa visita guiada pela parte aberta ao publico, pude ver os enormes espacos de recepcao e de festas e varias salas onde se expunham objectos pessoais do sultao IX. Soube tambem que o actual, X, tem cinco filhas. Ora o que acontece e que e necessario um filho varao para a sucessao e a solucao possivel seria arranjar uma segunda esposa e tentar ter um filho com ela, algo que o sultao rejeitou por amor e respeito a sua unica mulher. Tendo em conta que o sultao anterior tinha tres esposas e o I tinha trinta e cinco (!), fiquei com uma certa admiracao e simpatia pelo actual.

Depois fui ate ao mercado das aves, vencendo uma das minhas grandes fobias, mas confiando que estivessem todas enjauladas. Para meu grande alivio, assim foi! Fiz logo um "amigo" que me levou atraves do labirintico mercado para mostrar-me os maiores morcegos que ja vi na vida! Mediam cerca de meio metro e eram vegetarianos. Pelo seu tamanho, eu pensava que tragavam carne todos os dias alarvemente. Alem destes, tambem me mostrou mangustos, lagartos, cobras, escorpioes e um outro animalito bebe do que qual nem sei o nome. No final tentou enfiar-me numa galeria de batik, ao qual eu recusei, e despediu-se amigavelmente, mostrando-me o caminho para o Palacio da Agua.
E aqui surgiu mais uma vez o orgulho em ser portuguesa! Pois e, meus amigos, o Palacio da Agua, local turistico de Yogyakarta, foi construido nada mais nada menos que por um arquitecto portugues! Que soem os tambores! Mal entrei e disse a minha nacionalidade, o guia foi a correr mostrar-me a placa de celebracao do seu restauro em 2004, com o apoio da Fundacao Calouste Gulbenkian, pelo arquitecto Joao Campos. Estava em ruinas desde o seculo XIX, devido a um terramoto. Situado ao lado do Kraton, o edificio nada mais era que um "resort" para o sultao I e toda a sua familia. Foi construido em 1765 e engloba tres piscinas (uma para o sultao, outra para as suas 35 mulheres e a terceira para os seus 120 (!!!) filhos), uma sauna e varios pequenos quartos de vestir.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ramayana e Prambanan

Ramayana

Ontem terminei o dia assistindo ao ballet Ramayana, no parque Purawisata. A Ramayana e uma historia indiana de guerras e do amor entre Rama e Sita, uma especia de Romeu e Julieta hindus. Todo o espectaculo foi acompanhado com musica tradicional ao vivo e so por isso valeu a pena. Confesso que nao fazia ideia da historia, excepto que o batik que comprei representa as duas personagens principais. Vou entao expor o que eu percebi do ballet:

Rama personifica o homem ideal e tem um irmao muito parecido com ele. Sita, por seu lado, e a mulher ideal, muito contida nos seus gestos, mas nao nas suas vestes! Os dois claro que se apaixonam... Mas surge um demonio horrendo, guerreiro e violento que obriga Sita a ficar com ele. As tantas, aparece um velhote caquetico, suponho que seja o pai dela, que lhe ordena que continue com o feioso. Nisto comecam inumeras guerras (ballet em estilo luta-livre americana), em que surgem apoiantes de cada um dos lados. Um macaco branco e o melhor guerreiro de Rama e, no meio do espectaculo, rebolou, dancou e saltou sobre fogo para o demonstrar. Sita resolve entao fazer oferendas ao que parecia um deus hindu para que a ajudasse, ma o proprio deus fica do lado do demonio horrendo. Ha entao a batalha final, em que Rama, o irmao, o macaco branco e dois macacos anoes vencem o deus, o feio e todos os opositores. Rama e Sita ficam finalmente juntos.


Prambanan

Hoje passei grande parte do dia em Prambanan, um grande complexo de templos hindus a 20 km de Yogyakarta. Tao imponente quanto o Borobudur, surgindo no meio de uma vegetacao abundante, mas totalmente afectado pelo terramoto de Bantul em Maio de 2006. Esta cidade, a apenas 25 km de Yogya, foi destrocada por um tremor de terra 6.3 na escala de Richter. E os templos de Prambanan tambem sofreram fortes consequencias. Quase todos estavam fechados e em reconstrucao, por isso nao me foi possivel admirar as estatuas no seu interior. em redor dos seis templos que continuam de pe, jazem milhares de pedras de outros templos mais pequenos. O templo principal e dedicado a Shiva e esta ladeado pelos templos a Brahma e a Vishnu. A sua frente esta o pequeno templo a Nandi, o touro de Shiva. Este ultimo tem tambem um templo pequeno de cada lado, mas sem estatuas no interior. Um pouco mais longe esta o templo Sewu, tambem completamente destruido. Mas, percorrendo o caminho deparei-me com rebanhos de ovelhas e dezenas de veados, pastando pelos campos de Prambanan. Pode dizer-se que apesar do seu mau estado, Prambanan e uma visita que vale muito a pena. Mas, mais que as palavras, valem as imagens...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Famous in Indonesia

Hoje comecei o dia por ir a Kota Gede, centro de comercio e industria da prata de Yogya, num becak (rickshaw). O condutor de seu nome Kono pedalou como um animal de carga durante cerca de meia hora sob um calor infernal ate la chegarmos. Confesso que ate me senti mal de andar em tal meio de transporte...

Chegados a Kota Gede, ele ficou comigo toda a manha, levando-me a inumeros armazens de prata diferentes, ja que eu queria comparar os precos antes de comprar alguma coisa. Constatei apenas que a prata aqui e bastante cara, quase aos mesmos precos praticados em Portugal. Por isso, nao e de todo o sitio ideal para me entregar ao consumo tresloucado de objectos deste metal. Ao fim de percorrer umas quantas lojas, la encontramos uma mais baratinha e comprei umas coisitas, mais em estilo de lembranca do que outra coisa. Isto tudo com o Kono atras a falar sem parar o pouco ingles que sabia e fazendo de tradutor uma ou outra vez.

Decidi entao regressar a Yogya, visto que em Kota pouco mais se faz sem ser ver prata. No caminho de regresso, Kono continuava a falar e as tantas perguntou-me: "Did you buy batik other day?" Ao qual eu respondi afirmativamente, esperando nao ouvir a pergunta que se seguiu: "How much?" Ok, ja a cidade toda sabe que eu fui aldrabada no meio de uma galeria de pintura batik, no primeiro dia em que aqui cheguei... Pelos vistos paguei cerca de 20 euros por um quadro de quase um metro de altura, e o seu valor era bastante inferior. Admito, sim, fui enganada, mas paciencia. Agora que a cidade inteira ja saiba?? Tenho a leve sensacao que ando na boca do povo aqui... Eu e os jogadores de futebol da seleccao portuguesa...

Yogyakarta e Borobudur

Entrei em contagem decrescente. Exactamente daqui a um mes termina a minha grande viagem e inicia-se uma nova etapa de cidada comum em Portugal. A ver...

Cheguei ontem a Yogyakarta, grande centro artistico e cultural da ilha de Java. Aqui a tradicao soube-se impor a modernidade. Um verdadeiro alivio depois de Jakarta.

Cheguei a estacao de Yogyakarta as 5 da manha e o dia comecava ja a despontar. Tentando decifrar o caminho ate ao hotel, fui mais ou menos ajudada por duas velhotas de lenco na cabeca que nao percebiam ingles e acho que tambem nao perceberam que eu nao pesco nada de indonesio, pois vieram o caminho todo a falar animadamente comigo. Aqui todos sao assim, extremamente simpaticos. Algo a que nos, europeus, nao estamos habituados e que estranhamos sempre meio desconfiados. Ao passear pelo centro da cidade, zona de lojas, mercados e galerias de pintura batik, fiz inumeros "amigos". Todos metem conversa e, na maior parte das vezes, nao querem nada em troca. Apenas poucos nos procuram enfiar em galerias de batik para ver se compramos algo. Estas abordagens ao inicio pareceram-me estranhas, mas depois comecei a encara-las de bom humor e tornaram-se bastante divertidas. Numa delas, explicaram-me que no Kraton (enorme palacio de Yogyakarta, onde vivem e trabalham mais 25.000 pessoas) mora o actual sultao e toda a sua familia, de duas dinastias diferentes. Estava fechado, por isso terei de o visitar num outro dia.

Passeei, perdi-me nos mercados e nas galerias e, depois de lanchar sob uma chuvada tropical, decidi regressar ao hotel. Fui entao novamente abordada por um jovem que se dirigiu a mim com um: "Are you the portuguese girl?". Fazia parte da agencia de viaegns do hotel, mas nao faco ideia como me reconheceu no meio da rua, sem nunca me ter visto. Ao inicio ate pensei que ja tinha saido nos jornais a minha foto sob um: "Portuguese arrived today in Yogya". De resto, hoje ao andar pela rua ouvi uns quantos gritos "hey Portugal!" Whatever...

La comprei os meus bilhetes para visitar os templos de Borobudur e Pramaban, em dois dias diferentes, visto que vou ficar aqui uma semana.
Hoje acordei as 4:30 da manha para visitar Borobudur, que fica a cerca de uma hora de Yogya. Fui a pe ate a agencia de turismo, acompanhada por um dos empregados do hotel que mais uma vez falava animadamente e propunha ensinar-me indonesio, enquanto eu balbuciava sonolenta.

Chegados a Borobudur, foram-nos dadas duas horas para passear a vontade. O templo surge imponente no meio de palmeiras cobertas de nevoeiro, como saido de um sonho. O meu estado, ainda meio a dormir, o amanhecer, o nevoeiro e todo o cenario paradisiaco e tropical, fizeram desta uma experiencia verdadeiramente onirica.

Borobudur procede do sanscrito "vihara Buddha uhr", que significa mosteiro budista na colina. Foi construido entre 750 e 850 d.C., sob a forma de uma imenso mandala e resistiu a erupcoes vulcanicas, terramotos e ate um atentado terrorista em 1985, contra o governo de Suharto. Tem nove andares: seis terracos quadrados e tres circulares. Nos primeiros seis, podem-se admirar infinitos baixos-relevos onde se narram historias da vida quotidiana, dominadas pelo desejo e pela paixao, em que a consequencia dos nossos actos e a reencarnacao num forma de vida superior ou inferior. A medida que se sobe, vai-se alcancando o Nirvana e multiplicam-se os budas e as figuras em meditacao. Os ultimos tres andares circulares ja nao tem baixos-relevos e sao compostos por enormes stupas que crescem ate a stupa central, topo do edificio. O templo foi concebido como uma visao budista do cosmos, subindo do mundo dos sentidos ao mundo espiritual.
De vez em quando, realcadas pela cor escura das pedras, sobressaiam tunicas amarelas de monges budistas que tambem visitavam o templo. A saida, milhares de vendedores ambulantes rodeavam os turistas como moscas atraidas pelo que nos sabemos...

Depois de um pequeno-almoco de torradas e pessimo cafe, partimos a visitar um outro templo nas redondezas: Mendut. Mil vezes mais pequeno que o Borodubur, mas construido com o mesmo estilo de baixos-relevos, e um edificio quadrado ao qual falta a stupa superior, que ficou destruida apor uma erupcao do Gunung Merapi. No seu interior, porem, encontra-se o maior buda de toda a Indonesia (mas com apenas 3 metros...), no meio dos bodhisattvas Lokesvara e Vairapana. E, ao contrario do habitual, esta sentado numa cadeira e com os dois pes no chao.

Entretanto, como estamos na estacao humida, todas as tardes cai uma chuva torrencial sobre Yogya. E, como as 5 da tarde ja e de noite, so me restam as manhas para me aventurar.
Ah! E nao vi nem soube nada de terramoto nenhum, nem tsunamis nem coisas afins... Pelos vistos nao foi em Java. E tambem tentei ontem ver no noticiario e nao falaram nada sobre isso. Ja devem estar mais que habituados...


Borodudur...

Templo Mendut


domingo, 16 de novembro de 2008

Flashes de Jakarta

Enormes edificios brotam aqui e ali no centro de Jakarta, fazendo adivinhar no que se tornara esta cidade dentro de alguns anos. Alem disso, esta carregada de gigantescos centros comerciais com todas as grandes marcas ocidentais existentes. Ontem entrei num que tinha seguranca e detectores de metais a porta e no seu interior grandes lojas Armani, Louis Vuitton, Bulgary, Guess, etc. O espaco era um verdadeiro luxo asiatico.

Apesar do transito ser caotica e de nao valer a pena andar de taxi nem de autocarro dentro da cidade, e um pouco complicado andar a pe. Atravessar as enormes avenidas de quatro a oito faixas e uma aventura, tendo em conta que os semaforos dos peoes raras vezes ficam verdes e os carros aceleram como se fossem numa via rapida.

Ao contrario da ideia que nos, portugueses, temos, em parte devido a situacao de Timor-Leste, os indonesios sao extremamente simpaticos. Talvez ate simpaticos demais. No espaco de 20 metros somos capazes de ouvir mais de 10 Hello! How are you?. E ontem quando respondi a um empregado de uma loja que era portuguesa, ele abriu a cara num grande sorriso e perguntou: "Like portuguese from Timor?" Achei engracada a sua reaccao. Alem de Timor, a Indonesia sofre com varios conflictos independentistas, em Aceh e Papua, onde milhares de pessoas foram (e sao...) assassinadas pelo exercito indonesio, com o apoio dos EUA e da Australia, que tem fortes interesses economicos na zona. O ouro, o gas natural e o petroleo destas regioes fizeram com que as empresas Exxon-Mobil e Freeport pagassem ao governo indonesio dezenas de milhoes de dolares para suprimir as tendencias separatistas. Creio que Timor so conseguiu a sua independencia por carecer de valor economico e, consequentemente, pela pressao da ONU.

Em Jakarta vivem 9 milhoes de pessoas, embora durante o dia o numero ronde os 20 milhoes de pessoas que aqui trabalham. Nao ha muito para fazer ou ver no novo centro da cidade. Porem, em Kota, junto do porto e antigo centro economico aquando da ocupacao holandesa, devera ser mais interessante. Irei quando regressar a Jakarta.