sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Impressoes de Santiago - a Barcelona sul-americana

Depois de três dias a caminhar pelas ruas de Santiago do Chile, a primeira ideia que me vem à cabeça é a de que esta cidade é uma espécie de Barcelona sul-americana. Os edifícios de estilo modernista, as ruas cheias de gente, as lojas, os quiosques, os restaurantes e os cafés, constantemente me recordam a cidade espanhola. Ou seja, nada, mas absolutamente nada a ver com a Cidade do México ou qualquer das cidades do Perú que visitei.

Se lhes espalhássemos por aí uns quantos Gaudís, construíssemos um Bairro Gótico e a colocássemos em frente ao mar, estava feito. Senao, veja-se (e passo a comparaçoes que só quem conhece bem Barcelona perceberá):

Começando pelo Parque Metropolitano e Cerro San Cristobal, de onde se aprecia uma vista incrível de Santiago, e ao contrário de Tibidabo com a feira popular e a roda gigante, este tem um teleférico. Em ambos existe um santuário. O primeiro bairro a partir daí é Providencia, equivalente ao nosso Sàrria-Sant Gervasi, o bairro mais caro e luxuoso, com grandes e modernos edifícios. Depois há uma zona também ao pé do Parque, a Bellavista, onde se encontra a casa de Neruda, mas que, com todos os bares e discotecas, parece uma zona desabitada. Classificaria esta de Poblenou (ali para os lados do Razzmatazz). Logo há o Centro de Santiago que, por nao ter bairro gótico, seria uma mistura de Ramblas com Eixample. Aqui também existem vários Paseos vedados ao trânsito, ladeados por quiosques, lojas e vendedores ambulantes. E finalmente, o bairro onde se encontra o meu hotel que, claro está, nao poderia ser senao uma espécie de Barceloneta, mas sem pakis! Um bairro mais antigo e relaxado, com bons cafés e restaurantes. Só lhe falta a humidade...

E agora, devem-se estar a perguntar: entao e a Gràcia?? Sim..., também têm a Gràcia cá do sítio. Fica no centro de Santiago e dá pelo nome de Lastarria. As ruas pequenas e os bons bares e restaurantes dao o ambiente que aí se vivia. É a zona mais in para ir beber um copo à noite.

Feita a comparaçao, posso agora contar o episódio caricato do encontro com os chilenos amigos da minha prima favorita, Julie, que viveu cá durante uns tempos. Ao segundo dia, combinámos ir beber uma cerveja a seguir ao jantar. O ponto encontro era uma estaçao de metro às 9 horas da noite. Eu cheguei antes, por nao saber calcular tempo-distância ainda e resolvi beber um café ali perto. O dito amigo disse-me a roupa que usaria, para que eu soubesse quem ele era na estaçao. Bebi o tal café e fiquei ainda sentada a passar o tempo, até que às tantas entra um rapaz no café e me pede lume. Eu dei-lhe, enquanto o meu olhar caia sobre as suas vestes: camisa branca e casaco verde. Demasiada coincidência... E perguntei a medo: Gabriel? Sim. Ou seja, ele estava à minha espera na estaçao há quase uma hora... Acontece que eu tinha o horário de inverno marcado no meu relógio e a hora tinha mudado há uma semana no Chile... Graças a deus que o rapaz fumava e que resolveu entrar naquele café e pedir lume exactamente a mim, porque senao era um desencontro total...


E agora umas vistas do teleférico do Parque Metropolitano sobre Santiago:

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Santiago em imagens

Lamento, mas hoje nao me apetece escrever...

Ya se que no tengo miedo
La Moneda
Praça de Armas
Catedral reflectida
Cerro de Santa Lucia


La Chascona - a casa de Pablo Neruda

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Red Hot Chile Shoes

O ponto alto deste meu primeiro dia no Chile foi sem dúvida a compra de um fantástico par de ténis por uma pechincha. E nao, nao vou contra tudo o que escrevi anteriormente. As botas de passeio citadinas que tinha trazido para a viagem já estao a dar as últimas... Ao contrário da cançao, they weren't made for walking, mesmo depois de lhes colocar uma nova sola no Perú.

Resolvi ficar pela zona do hostel e decidi ir até à Quinta Normal, um grande parque onde se encontram vários museus. Atrevo-me até a sugerir a aplicaçao deste tipo de nomenclatura em Portugal. Por exemplo, o miradouro de Alcântara passar a chamar-se Miradouro Mais ou Menos ou o parque Eduardo VII tornar-se Parque Nada de Especial. Era no mínimo engraçado.

O único museu em que entrei foi o Arlequim, porque o edifício em si me chamou a atençao. E é sem dúvida o museu melhor idealizado e de mais baixo custo que já vi. Trata-se de um museu de arte para crianças. Pelas paredes estao expostas réplicas dos mais famosos quadros e, no segundo andar, existem vários espaços recreativos que ilustram as diversas técnicas e temáticas da pintura. Uma autêntica delícia...

Depois caminhei até ao Palácio Cousiño, construído por uma abastada família de ascendência portuguesa, que fez fortuna com vinicultura e indústria mineira.

Aqui parece que chegámos finalmente à chamada "civilizaçao": os carros respeitam os semáforos, os taxis nao andam sempre a apitar quando vao vazios (algo extremamente irritante ao caminhar pelas ruas do Perú) e até têm taxímetro e, felizmente, nao se vê practicamente ninguém a mendigar. Há no entanto algo que escapa à minha compreensao: nos cartazes dos bares, restaurantes e afins lê-se a seguinte abreviatura "c/n", que significa "con". Ora a mim parece-me pouco lógico, acho que dá o mesmo trabalho escrever "/" ou "o". Mas eles lá sabem...
Red Hot Chile Shoes
Oh yeah! Com isto eu andava verdadeiramente cheia de estilo
Proibido tomar banho na Quinta Normal
Museu Arlequim
Palácio Cousiño

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Chile: desenvolvimento, infraestruturas e Bernardo Macambira

Depois de uma ligeiramente sofrida viagem de dois dias de autocarro, cheguei finalmente a Santiago do Chile. E digo ligeiramente sofrida, porque os empregados da companhia de autocarros se esqueceram de mencionar que nao iria ser servida comida a bordo. Eu ia a contar com isso, sem um único tostao no bolso. Resultado: das duas primeiras vezes que parámos para comer, nao haviam caixas multibanco e muito menos aceitavam pagamento com cartao. Fiquei assim 24 horas sem comer nem beber nada. A única coisa que me ocorreu foi literalmente hibernar no autocarro, poupando assim a minha energia vital.

A diferenca entre o Perú e o Chile nota-se logo ao atravessar a fronteira. Na fronteira do Perú, fizeram-nos sair do autocarro, fomos revistados por polícias e as nossas malas vasculhadas à mao. Na do Chile, havia caes e detectores de metais que nos pouparam à humilhacao... Além disso, no Chile a Panamericana transforma-se finalmente em auto-estrada, devidamente alcatroada. E, em vez de contornar montanhas e vales, abre caminho sempre a direito com viadutos e túneis intermináveis.

Depois de um longo duche, saí para jantar um sushi fabuloso e ao voltar, como estava frio, resolvi apanhar um taxi. Ora qual nao é o meu espanto quando oico na radio a seguinte notícia sobre pirateamente de música: um empresário português foi condenado a 45 dias de prisao devido a este delito. Bernardo Macambira, dono de uma discoteca no Porto, foi condenado porque em 2000 se detectou que o DJ que tocava no seu espaco tinha em sua posse cd's piratas. Genial: Bernardo Macambira nas notícias da radio chilena! Acho que se o próprio soubesse até ìa sentir uma pontinha de orgulho pelo seu nome ser pronunciado, embora por razoes menos nobres claro, no outro lado do mundo! E esta hein?