quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Último dia em Cuzco

Saio de Cuzco com a moral em baixo... E passo a explicar as razöes.
Começo pelo mau tempo: há quatro dias que chove durante todo o dia. Basicamente desde o meu aniversário. A chuva a cortar a pele como lâminas e o vento frio que a queima näo däo espaço a grandes aventuras ao ar livre por estas bandas. Mas, para compensar, todos no Hostel nos hemos ido de fiesta casi todas las noches. À noite, incompreensivelmente, o tempo melhora bastante.
Segunda razäo: Cuzco é uma cidade demasiado turística. Näo me consigo sentir verdadeiramente no Perú... tudo aqui é turismo. Como uma espécie de Matrix, em que só vemos aquilo que nos deixam ver e controlam os nossos movimentos para que näo nos apercebamos da realidade. (Estou a exagerar um bocado... estou de mal humor...) Pelo que já depreendi aqui, ou as pessoas locais de dedicam ao turismo, como empreendedores, abrindo hotéis, pensöes, restaurantes, lojas, bares, mercados de artesanato, ou entäo näo saem da cepa torta. Ah! E tendo em conta que todos estes estabelecimentos sejam exclusivamente para turistas, porque senäo näo ganham dinheiro nenhum. E é de facto muito injusto o facto de esta gente viver miseravelmente, fazendo coisas pelas quais deveria ser bem paga. Como, por exemplo, as chismeñas (mulheres peruanas tradicionalmente vestidas com uma saia de roda e um pano colorido às costas, com duas longas tranças e um chapéu de coco), muito pobres, e que se dedicam ao artesanato, aos pequenos quiosques de bebida e comida nas ruas (näo para turistas, mas sim para cuzquenhos), à agricultura e à pecuária (criando lamas, ovelhas, vacas, porcos pretos, porquinhos da índia, etc), e fazem parte do escaläo mais pobre da sociedade. Porém, sem elas os restaurantes näo teriam comida, nem os mercados teriam artesanato... E pelo menos o artesanato peruano, sendo dos mais bonitos e elaborados que já vi, deveria ser melhor pago. Aos produtores, näo aos intermediários, que fique claro.
Outra coisa que eu já sabia, mas que custa sempre um bocado quando se vê in sito, tem a ver com as ruínas incas ao redor de Cuzco. Säo quase inexistentes. Apenas restam os blocos de pedra maiores, que os espanhóis näo puderam ou näo quiseram transportar. Todos os templos foram destruídos e as suas pedras utilizadas na construçäo da Catedral, das Igrejas e da Praça de Armas. Mais ou menos como quando Cortéz chegou à Cidade do México e näo teve hesitaçäo alguma em destruir o Templo Maior para pavimentar (repito: somente pavimentar!) a Praça do Zócalo. Só que desta vez o herói tinha o nome de Pizarro. A prepotência europeia com o intuito de fazer o que está certo, näo tem limites. Por que é que pessoas que säo completamente diferentes de nós haveriam de ser obrigadas a pensar de maneira igual. E, passados 500 anos, continuamos igualmente prepotentes.

Peço desculpa aos leitores, mas hoje estou com os azeites...

4 comentários:

Anónimo disse...

filipinha fizeste-me lembrar o filme "diários de che guevara" que acabava justamente com um discurso assim.
e como é obvio tu e klk pessoa k pense assim, tem toda a razao. Os incas eram das civilizações mais inteligentes do mundo...se nós os prepotentes dos europeus n tivessemos feito o k fizemos, hj a america do sul seria um continente bem diferente, com mto mais capacidades e recursos...é nessas vezes k axo k somos ou fomos piores k os americanos. pk na verdade os americanos nunca puxaram mto pela inteligencia nem nunca descobriram nd...e no entanto nós descobrimos o mundo inteiro e com a nossa inteligência só acabamos por destruir grds culturas e civiliazaçoes, como os incas, os maias, os egipcíos...etc, etc...

gostei deste teu texto...melancólico ou nao...está muito bem escrito e só diz verdades. Não kero k estejas com os azeites a viagem toda mas fico contente por ler o k escreves kd estás nesse estado de alma ;)

bjao..tou smp ctg

Anónimo disse...

Filipita, gostei tanto deste seu desabafo tao consciente do estado do mundo ! eu penso exactamente a mesma coisa desde há bastante tempo, por isso me tenho empenhado numa série de coisas...
Já ouviu falar do "comércio justo" ? há uma série de associacoes que lutam exactamente para que os produtos desses países, tipo cafè,cereais e outros produtos alimentares assim como artesanais sejam vendidos a um preco justo de modo a que os seus produtores sejam pagos de uma forma justa e equitativa. Esses produtos sao vendidos com um "label" especial. Ao comprá-los podemos contribuir com a nossa peq. gota de água a melhorar um pouco essa situacao.
Continue sempre Filipita com esses olhos bem abertos para o mundo. É isso que nos faz crescer !
Bjs.enormes
tia Xita

Anónimo disse...

sao 11 horas da noite e estava a pensar, Filipita, no que lhe falei esta tarde acerca do comercio justo.resolvi ir ao google e procurar o que ele tinha a dizer-nos sobre este tema. E encontrei o que queria,lá está tudo explicado em que consiste e o que podemoa fazer para ajudar estes pequenos agricultores e artesaos da America Latina, Asia e Africa. Aconselho-a
a ir ver e aproveito para izer o mesmo aos que leem este seu blog e que estejam interessados em melhorar um pouco este mundo desigual em que vivemos...
Um bom dia para si minha querida, pois a nossa noite corresponde em parte ao vosso dia !
bjs.
tia Xita

Anónimo disse...

Hola Filipa,
Para animarte en estos días bajos...he localizado un amigo tuyo! El gato cósmico!?
Hecha un vistazo a www.buenviajecepsa.com. Al menos en el anuncio en TV en España sale.
Un abrazo,
EJ