terça-feira, 14 de outubro de 2008

Aqui sim! Arequipa








Mais 10 horas de autocarro e cheguei a Arequipa, a cidade branca. Chamam-na assim devido à utilizaçao de uma rocha vulcânica branca na construçao dos edifícios coloniais. A cidade está a 2350m de altitude, sob um sol abrasador, numa regiao de vulcoes e canyons (nao sei como se diz em português...). Na Praça de Armas, por detrás da Catedral vislumbra-se o imponente vulcao Misti, ladeado pelo Chachani e pelo Pichu Pichu. É uma visao incrível. Além disso, a própria cidade, os edifícios com um máximo de três andares, as ruas empedradas, é uma autêntica delícia.
O próprio hotel, que escolhi só porque adorei o nome (La Casa de mi Abuela) é um encanto, cheio de jardinzinhos e recantos, e em todo lado canários cantando dentro de gaiolas penduradas em árvores... Como se estivesse no paraíso... Muy a gustito!
Comecei por passear até à Praça de Armas, para me situar e começar a ambientar à zona. Logo subi e atravessei o rio numa odisseia louca para chegar ao único restaurante de sushi da cidade. Lá consegui e valeu bem a pena. Com certeza voltarei. Depois, de barriga cheia, voltei a descer para ir ao Museu Santuários Andinos, da Universidade Católica de Santa Maria, ver a famosa Juanita. Para quem nao sabe, Juanita é a múmia de uma menina inca de 12 a 14 anos, sacrificada no cimo do vulcao Ampato há cerca de 550 anos. Juanita, a Princesa do Gelo. O seu óptimo estado de conservaçao exponenciou (usei a palavra!) um sem fim de investigaçoes científicas e antropológicas sobre a civilizaçao Inca.
Na altura em que foi sacrificada, os vulcoes da zona estavam em grande actividade. Os Incas consideravam as montanhas e os vulcoes como deuses, há que sublinhar. Entao o Grande Inca enviou quatro mensageiros a Arequipa para trazer a menina escolhida a Cuzco e iniciar assim a cerimónia do sacrifício. Juanita era uma menina nobre, muito saudável e bonita que, desde o seu nascimento, sabia que este seria o seu papel na sociedade. Viajou com os mais ilustres nobres e feiticeiros a Cuzco (cerca de 300 km), foi abençoada pelo Grande Inca e regressou para subir ao Ampato (6380 m de altitude), onde foi sacrificada com um golpe na cabeça, depois de anestesiada com chicha (bebida fermentada de milho, que nesta ocasiao chegava a conter 60º de álcool).
No museu estao expostos todos os artefactos que a acompanhavam e a sua minuciosidade é assombrosa.
Juanita foi descoberta em 1995 por Jhan Reinhard que, explorando o cimo do vulcao, avistou uma série de objectos incas, naquilo que parecia uma tumba, mas sem múmia no seu interior. Continuando a procurar, encontrou Juanita 60 metros abaixo, dentro da cratera do vulcao e coberta de gelo, pois a tumba desfez-se devido à actividade vulcânica.
Nao deixaram tirar fotografias como é lógico, mas foi algo que nunca esquecerei.
Regressei depois ao hotel, caminhando aleatoriamente pelas ruas e estou apaixonada por esta cidade. Tem algo da beleza de Portugal, de Lisboa, de Évora, mas é ainda melhor, mais bonita. Por enquanto, Arequipa vai em número um!

1 comentário:

Anónimo disse...

Que bonita esta cidade que nem sequer é conhecida pelo comum dos mortais...e dos turistas. Daí também seguramente o seu encanto! só a vista desses jardins dá vontade de aí estar!
Impressionante a historia da pequena Juanita, é incrível como a idolatria pode levar a estas violências terríveis !
beijinhos enormes monha querida, quem me dera estar aí consigo !!!
tia Xita